domingo, 26 de julho de 2015

SALVAÇÃO - FÉ E OBRAS

SALVAÇÃO – FÉ E OBRAS

Pergunta

 "A salvação Eterna" pode citá-la como pérolas cristãs. Concordo com as colocações sobre o antropocentrismo, evidenciada no renascentismo da idade média e que perdura e se intensifica exponencialmente. 
É inquestionável sobre as citações dadas onde a salvação é por meio de Jesus através da sua graça e pela nossa fé. Mas, creio que devemos ponderar sobre a ação do próprio ser no processo. Se nos tornamos corpo de Jesus devemos agir como tal, caso contrário não estamos nele. Assim, parece lógico relacionar uma causa-efeito entre fé-ação-salvação intercambiáveis. 
Penso que a conduta é fundamental para a salvação diante o pressuposto. Acho que devemos a profundidade da passagem: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Mateus 23:37
Aqui parece que Deus Pai e Deus Filho, mesmo tendo os judeus tendo a fé, não agiram com o coração, não foram retos aos olhos divinos e os negaram. 

Resposta

Ponderando acerca de tuas considerações, pareceu-me melhor iniciar estas poucas linhas com uma advertência do apóstolo Paulo: “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo APRENDAIS ISTO: não ultrapasseis o que está escrito [...]” – 1Co 4:6. Esse é um mandamento de Deus, que visa guardar-nos de nossas lógicas e achismos humanos. Isso digo porque por algumas vezes chegaste a conclusões, não a partir das Escrituras, mas de conjecturas, tais como: “creio que”, “parece lógico”, “penso que”. Em vez disso deveríamos falar: “assim diz o Senhor”, “está escrito”, “também está escrito”. Permita-me, pois, levantar algumas observações a respeito da salvação de Deus.
1.     Toda a Escritura, de Gênesis a Apocalipse, declara, alto e bom som, que a salvação de Deus não pode ser adquirida por obras humanas. Eis o que a esse respeito nos diz a Palavra de Deus. As vestes que o homem fez para si (símbolo de autojustificação), por ocasião de sua queda, foram rejeitadas por Deus; em contrapartida, diz a Escritura que “fez o Senhor vestes de peles para os cobrir” (Gn 3:7, 21). Estas duas vestes, a indústria do homem e a de Deus, tipificam dois tipos de justiças, conforme está escrito: “e ser achado nele, NÃO TENDO JUSTIÇA PRÓPRIA, QUE PROCEDE DE LEI, senão a que é mediante a fé em Cristo, A JUSTIÇA QUE PROCEDE DE DEUS, baseada na fé (Fp 3:9). A arca de Noé, por sua vez, outro tipo da salvação (Cf. 1Pe 3:21), demonstra que o homem nada podia fazer para se livrar do juízo, senão apropriar-se do único meio de salvação oferecido por Deus, a arca, a qual representa Jesus Cristo, em Sua morte e ressurreição. E é mister ressaltar que foi pela fé que o patriarca e sua família foram salvos, pela arca, através das águas (Hb 11:7). O mesmo aconteceu no deserto, com o povo de Israel. Ao serem picados por serpentes abrasadoras, nada podiam fazer para se livrarem da morte, exceto olharem para a serpente de bronze suspensa numa haste (Nm 21:9). Foi o próprio Senhor quem identificou tal episódio veterotestamentário com a queda do homem e com a salvação oferecida por Deus: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que TODO O QUE NELE CRÊ TENHA A VIDA ETERNA. Veja que, a despeito de quantas obras os filhos de Israel fizessem, nada poderia dar-lhes vida. Somente o olhar para a serpente de bronze dar-lhes-ia vida. Razão por que Jesus declarou, dizendo: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Não é sem motivo que, em outro lugar, também diz: “...Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei” (Gl 3:20). Eis, portanto, a razão porque “... o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gl 2:16). A vida eterna, portanto, é GRATUITA (Rm 6:23); é um dom de Deus (Ef 2:8); é pela fé, independentemente de obras da lei (Rm 3:28); é pela graça, sem as obras, do contrário a graça já não é graça (Rm 11:5-6); é eterna e não pode ser perdida (Jo 10:28), porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11:29); é pela misericórdia divina (Rm 9:15), por causa do grande amor com que fomos amados por Deus (Ef 2:4); estávamos nós mortos quando d’Ele recebemos vida (Ef 2:5) – pela graça sois salvos. Esta graça salvífica significa literalmente de graça, sem nada nos cobrar, como está escrito: “Ora, ao que trabalha, o salário NÃO É CONSIDERADO COMO FAVOR, e sim COMO DÍVIDA. Mas, ao que NÃO TRABALHA, porém CRÊ naquele que JUSTIFICA O ÍMPIO, a sua FÉ lhe é atribuída como justiça” (Rm 4:4-5). Por isso a resposta de Paulo ao carcereiro, quando este lhe perguntou acerca do QUE FAZER PARA SER SALVO: “crê no Senhor Jesus, e serás salvo...” (At 16:31). Mas, para os que preferem pagar por si mesmos o preço que Jesus já pagou na cruz do Calvário, resta-lhes a morte eterna, pois o salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Não qualquer outra coisa. Não se paga a dívida eterna com usos e costumes (moral), até porque estas coisas não resolvem o problema da natureza pecaminosa no homem (Cl 2:23); não se paga a dívida eterna do pecado com conduta, haja vista que a conduta requerida por Deus é FRUTO DO ESPÍRITO (Gl 5:22); são obras que DEUS PREPAROU DE ANTEMÃO, para que andássemos nelas (Ef 2:10); são obras feitas em Deus (Jo 3:21). Não são portanto humanas, nem têm no homem a sua origem. São divinas: ouro, prata e pedras preciosas (1Co 3:12). As obras humanas são um como trapos de imundícies (Is 64:6); são madeira, feno, palha (1Co 3:12); pois o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é espirito (Jo 3:6). Ufa... Ficaria aqui horas a fio citando todo o testemunho das Escrituras acerca da salvação, que pertence ao Senhor (Jn 2:9). Mas... avancemos.
2.     Quando tu disseste acerca da “ação no próprio ser NO PROCESSO” falaste uma verdade. Entretanto, não significa que tal participação garanta a salvação. A Escritura adverte aos crentes quanto ao desenvolvimento da salvação (Fp 2:12); a tomar posse da vida eterna (1Tm 6:12); a ser fiel até a morte (Ap 2:10); a negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir ao Senhor (Mt 16:24); todavia, todas essas responsabilidades, se cumpridas ou não, não podem dar ou tirar a salvação, uma vez que “quem crê em mim – disse Jesus – não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24). Da morte viemos; na vida nos encontramos. Quais conseqüências então nos traz a diligência ou a negligência? Ora, basta lermos o que está escrito a esse respeito: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse RECEBERÁ GALARDÃO; se a obra de alguém se queimar, SOFRERÁ ELE DANO; mas ESSE MESMO SERÁ SALVO, todavia, como que através do fogo” (1Co 3:14-15). Veja: se aprovadas suas obras, galardão; se reprovadas, dano. Esse mesmo, porém, será salvo. Ou seja, ambos são salvos, não por fazerem boas obras, porque, para o que as fez, não diz que será salvo por isso, mas, que receberá galardão, recompensa, prêmio; e àquele, de cuja obra foi reprovada, não se diz que será condenado por isso, mas que, sendo salvo, receberá dano, como conseqüência de sua reprovação. Ambos são salvos porque estavam no fundamento (1Co 3:11). Para o que procedeu com obras aceitas por Deus, além de salvo, galardão; para o que não procedeu corretamente, embora salvo, sofrerá a disciplina do Eterno. E isso é para que não seja ele condenado com o mundo (1Co 11:32); será disciplinado para aproveitamento, a fim de se tornar, enfim, participante da santidade do Senhor (Hb 12:10); receberá poucos ou muitos açoites, tudo vai depender do quanto ele recebeu de Deus (Lc 12:47-48); será trancado na prisão, e só sairá de lá depois que “pagar o último centavo” (Mt 5:26). Uma coisa é certa: “aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus (Fp 1:6). Ele começou; Ele terminará. Ainda que tenha que disciplinar os seus filhos, como diz a Escritura: “se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites a sua iniqüidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram” (Sl 89:31-34). Tais palavras, ainda que se referindo imediatamente a Davi, trazem os princípios da fidelidade de Deus quando pactua com o seu povo: 1) não retira a Sua bondade; 2) não desmente a Sua fidelidade; 3) não viola a Sua aliança; 4) não modifica o que Seus lábios proferem. “Eu o Senhor não mudo” (Ml 3:6). “Quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei E te multiplicarei [...]. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade de seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, FORTE ALENTO TENHAMOS NÓS que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, ENTROU POR NÓS, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6:13-20).
3.     O fato de estarmos em Cristo, como também disseste, não implica que não podemos pecar. Nem tampouco se pode afirmar que, se pecarmos, não estamos n’Ele. Desde que recebemos o Espírito de filiação, a carne passou a militar contra o Espírito, e o Espírito contra a carne (Gl 5:17). Se andarmos no Espírito, o fruto será amor, paz, alegria, longanimidade etc (Gl 5:22-23). Se, entretanto, andarmos segundo a carne, o resultado será aquele que se encontra em Gl 5:19-20, as obras da carne. O fato de estarmos em Cristo significa simplesmente que nascemos de Deus, como está escrito: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, SE, DE FATO, O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8:9). Esses, entretanto, que têm o Espírito de Cristo, e, conseqüentemente, estão n’Ele, podem ainda pecar, andar na carne, cometendo as obras da carne (prostituição, lascívia, glutonaria, bebedice, inveja etc.), sabendo, contudo, que compareceremos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem o mal que tiver feito por meio do corpo (2Co 5:10). Esse bem e mal aqui referidos certamente não se referem a vida ou morte eternas; senão ao galardão ou disciplina conforme acima explicado.
4.     De todo modo, temos a certeza de que, nós os que cremos, estaremos plenamente salvos quando entrarmos na eternidade. Tal segurança apoia-se nas palavras de Deus: “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1Ts 5:24). Afinal, o mesmo Deus que nos reconciliou consigo mesmo, o Deus da paz, há de nos santificar completamente, espírito, alma e corpo (1Ts 5:23). Se Deus não poupou o Seu próprio Filho, antes por nós O entregou, quando ainda éramos pecadores (Rm 5:8), porventura não nos dará graciosamente todas as coisas? (Rm 8:32). Certamente. Não porém sem nos salvar completamente. Pois, se quando éramos pecadores o Senhor nos justificou com o Seu sangue, muito mais agora, estando já reconciliados com Ele, seremos salvos pela Sua vida (Rm 5:10). A vida de Deus nos Seus filhos há de salvá-los completamente do pecado. Ele começou... Ele terminará. Para isso Ele nos concedeu o penhor do Espírito, a garantia de que em breve seremos resgatados, finalmente, como Sua propriedade, para o louvor da Sua glória (Ef 1:14).



Bispo Alexandre Rodrigues

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Qual o significado de JOÃO 16:8?

Qual o significado de JOÃO 16:8?
 “Quando ele vier [Espírito Santo] convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”?

O referido texto nos traz uma assertiva, de que não se pode duvidar: primeiro pelo fato de que aquele que falou não mente; segundo, pelo fato de não deixar dúvida o texto daquilo que aconteceria tão logo o Espírito Santo fosse enviado; a saber, o mundo seria convencido do pecado, da justiça e do juízo.
Erroneamente, a grande maioria dos cristãos pensa referir o texto à obra do Espírito Santo de convencer o pecador, concernente à sua condição, a fim de conduzi-lo a Cristo. Entretanto, note que não é isso o que diz o texto. Antes, afirma, categoricamente, que o Espírito Santo convenceria o mundo. Nesse sentido, pode-se afirmar que o que se diz, não se refere a uma possibilidade, mas ao que o Espírito faria; não ao pecador, mas ao mundo.
Então, o que de fato afirmou o Senhor? Veja como o próprio Jesus nos esclarece nos versículos posteriores: "do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para junto do Pai; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo 16:9-11).
Ou seja, o mundo seria convencido destas três coisas, tão logo o Espírito Santo fosse enviado.
Assim, a vinda do Espírito Santo seria uma prova a respeito da identidade de Jesus e dos resultados de Sua obra. Como os judeus não criam n'Ele, o Senhor então deu-lhes um sinal. Como que lhes dissesse: Eu voltarei para o meu Pai. E, para que vocês tenham a constatação de que de fato entrei na glória, que tive com o Pai desde o princípio, eu enviarei, do céu, uma prova: enviarei o Espírito Santo. Quando, portanto, vocês virem descer o Espírito sobre os discípulos, e por seu intermédio realizar as minhas obras, sabereis quem eu sou; isto é, sabereis que sou o Messias prometido. Assim, ficarão convencidos do pecado, de não terem acreditado em mim. Quando virem o Espírito Santo descer sobre minha igreja, e capacitá-la a cumprir a minha vontade, saberão que fui para o Pai, que entrei em Sua presença e fui por Ele recebido e aceito. Assim, serão convencidos a respeito da justiça; ou seja, terão a prova de que, como homem, não somente pratiquei plenamente a justiça, mas, conforme as profecias, sou a própria justiça. Razão porque voltei e permaneço na presença do Pai. Do contrário, jamais teria entrado na glória; mas, como qualquer homem pecador, desceria ao hades e lá permaneceria. E que virem vocês o Espírito Santo derramado sobre os apóstolos, terão o testemunho que a minha morte não foi uma morte qualquer, mas a morte do Justo, que julgou este mundo e o seu príncipe.
A vinda do Espírito Santo dependia da ressurreição de Cristo. Pois, se Cristo não ressuscitasse, Ele também não voltaria para o Pai. Se não voltasse ao Pai, não poderia enviar o Espírito Santo. E, se o Espírito Santo não viesse, isso seria prova de que Jesus NÃO ERA O MESSIAS. O contrário também é verdadeiro. Se o Senhor ressuscitasse, voltaria ao Pai, entraria em Sua glória, e, de lá, enviaria o Espírito, como testemunho de Sua ressurreição. E foi isso o que aconteceu.
No dia de pentecostes, declarou Pedro declarou, dizendo: "Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isso que vedes e ouvis [...]. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" - At 2:33 e 36.
O mundo, representado por aqueles que estavam em Jerusalém no dia de pentecostes - homens vindos de todas as nações que havia debaixo do céu (At 2:5) - naquele dia obteve a prova, o testemunho, de que Jesus é de fato o Cristo. A Sua ressurreição é prova disso; e o derramamento do Espírito é prova incontestável de Sua ressurreição. Naquele dia o mundo foi convencido, isto é, obteve a prova, da verdade a respeito do Filho de Deus e das consequências de Sua morte.