domingo, 28 de junho de 2015

Será mesmo que Deus existe? Perguntou o pai de Cristiano Araújo por ocasião do sepultamento do cantor sertanejo. Diante desta indagação amargurada, pus-me a refletir acerca do silêncio de Deus, supostamente indiferente ao sofrimento humano. E foi nessas reflexões que pude ouvir os estrondos dos corações egoístas bradando e pondo em dúvida a existência d’Aquele que é amor: — porque Deus permitiu isso?; — Deus não se preocupa comigo; — será mesmo que Deus existe? Foi aí que me veio o seguinte questionamento: por que indagar acerca de Deus somente agora que se vê o filho num caixão? Por que não o fazer no tempo da fama, do dinheiro, do sucesso, das glórias? Ora, certamente muitos morreram antes dele. Não poucos sofreram desgraça maior. Milhares estão morrendo à mingua na fome e na miséria. Dos hospitais se ouve gemidos dos que já não têm esperança. Nas ruas se vê crianças com frio, nuas, dependendo da benevolência daqueles que comumente as olha com discriminação. Homens já crescidos, como ratos, vasculham lixos em busca de comida. Mulheres idosas, catadoras de papelão, empurram carrinhos cheio daquilo que não nos servem para nada, a fim de ganhar algum dinheiro no final do dia. E diante de tudo isso nunca questionamos a existência de Deus, até que a dor bate à nossa porta. Puro egoísmo. Se estou bem, Deus existe, mesmo que o mundo inteiro se desfaça em dor e miséria. Se, porém, a desgraça me alcança, Deus então deixa de existir. Se tenho saúde, bens, dinheiro, fama, sucesso, digo que Deus é bom, ainda que os que estão a minha volta estejam em profunda miséria. Se, todavia, me faltam essas coisas, ponho em dúvida a existência e o amor de Deus. E em razão desse egoísmo, deixo de perceber que o silêncio de Deus e Sua suposta inexistência não está n’Ele, mas em mim. Porque quando deixo de chorar com os que perdem seus entes queridos, quando deixo de compadecer-me diante da desgraça alheia, quando deixo de dividir o pão com o faminto, quando deixo de visitar os doentes nos hospitais e lhes levar esperança, quando deixo de vestir o nu, de socorrer os desesperados, de estender a mão aos cansados, nego a existência de Deus, EM MIM, por viver como se não houvesse Deus. Afinal, o ETERNO é o Deus imanente, que, estando em todos, age por meio daqueles que são sensíveis à Sua presença e lhe reconhecem a paternidade. Pois somente os que podem ver a Deus como pai, podem reconhecer os homens como irmãos e exercer a fraternidade. Por outro lado, tendo ciência de que tudo provêm de Deus, e de que n’Ele vivemos, existimos e nos movemos, não podemos pensar que somos maiores do que Ele. Se Ele é Deus, cabe às Suas criaturas adorá-lO, agradecidas pela vida concedida e pelo tempo de sua existência. A morte não nos causaria tamanha dor se reconhecêssemos que somos como erva, e que só o Senhor é eterno. Assim, falaríamos como Jó: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei: o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR (Jó 1:21). 

ALEXANDRE RODRIGUES Ministério Apostólico de Volta à Palavra

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