COMENTÁRIO:
"A salvação Eterna" pode citá-la
como pérolas cristãs. Concordo com as colocações sobre a antropocentrismo,
evidenciada no renascentismo da idade média e que perdura e se intensifica
exponencialmente.
É
inquestionável sobre as citações dadas onde a salvação é por meio de Jesus
através da sua graça e pela nossa fé. Mas, creio que devemos ponderar sobre a
ação do próprio ser no processo. Se nos tornamos corpo de Jesus devemos agir
como tal, caso contrário não estamos nele. Assim, parece lógico relacionar uma
causa-efeito entre fé-ação-salvação intercambiáveis.
Penso
que a conduta é fundamental para a salvação diante o pressuposto. Acho que
devemos a profundidade da passagem: Jerusalém, Jerusalém, que matas os
profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os
teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não
quiseste! Mateus
23:37
Aqui
parece que Deus Pai e Deus Filho, mesmo tendo os judeus tendo a fé, não agiram
com o coração, não foram retos aos olhos divinos e os negaram.
EXPLICANDO:
Ponderando acerca de tuas considerações,
pareceu-me melhor iniciar estas poucas linhas com uma advertência do apóstolo
Paulo: “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e Apolo,
por vossa causa, para que por nosso exemplo APRENDAIS ISTO: não ultrapasseis o que está escrito [...]” – 1Co 4:6. Esse é um mandamento
de Deus, que visa guardar-nos de nossas lógicas e achismos humanos. Isso digo
porque por algumas vezes chegaste a conclusões, não a partir das Escrituras,
mas de conjecturas, tais como: “creio que”, “parece lógico”, “penso que”. Em
vez disso deveríamos falar: “assim diz o Senhor”, “está escrito”, “também está
escrito”. Permita-me, pois, levantar algumas observações a respeito da salvação
de Deus.
1.
Toda a
Escritura, de Gênesis a Apocalipse, declara, alto e bom som, que a salvação de
Deus não pode ser adquirida por obras humanas. Eis o que a esse respeito nos
diz a Palavra de Deus. As vestes que o homem fez para si (símbolo de
autojustificação), por ocasião de sua queda, foram rejeitadas por Deus; em
contrapartida, diz a Escritura que “fez o Senhor vestes de peles para os
cobrir” (Gn 3:7, 21). Estas duas vestes, a indústria do homem e a de Deus,
tipificam dois tipos de justiças, conforme está escrito: “e ser achado nele,
NÃO TENDO JUSTIÇA PRÓPRIA, QUE PROCEDE DE LEI, senão a que é mediante a fé em
Cristo, A JUSTIÇA QUE PROCEDE DE DEUS, baseada na fé (Fp 3:9). A arca de Noé,
por sua vez, outro tipo da salvação (Cf. 1Pe 3:21), demonstra que o homem nada
podia fazer para se livrar do juízo, senão apropriar-se do único meio de
salvação oferecido por Deus, a arca, a qual representa Jesus Cristo, em Sua
morte e ressurreição. E é mister ressaltar que foi pela fé que o patriarca e
sua família foram salvos, pela arca, através das águas (Hb 11:7). O mesmo
aconteceu no deserto, com o povo de Israel. Ao serem picados por serpentes
abrasadoras, nada podiam fazer para se livrarem da morte, exceto olharem para a
serpente de bronze suspensa numa haste (Nm 21:9). Foi o próprio Senhor quem
identificou tal episódio veterotestamentário com a queda do homem e com a
salvação oferecida por Deus: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que TODO O QUE
NELE CRÊ TENHA A VIDA ETERNA. Veja que, a despeito de quantas obras os filhos
de Israel fizessem, nada poderia dar-lhes vida. Somente o olhar para a serpente
de bronze dar-lhes-ia vida. Razão por que Jesus declarou, dizendo: “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Não é sem motivo que, em
outro lugar, também diz: “...Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse
dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei” (Gl 3:20). Eis,
portanto, a razão porque “... o homem não é justificado por obras da lei, e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que
fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras
da lei, ninguém será justificado (Gl 2:16). A vida eterna, portanto, é GRATUITA
(Rm 6:23); é um dom de Deus (Ef 2:8); é pela fé, independentemente de obras da
lei (Rm 3:28); é pela graça, sem as obras, do contrário a graça já não é graça
(Rm 11:5-6); é eterna e não pode ser perdida (Jo 10:28), porque os dons e a
vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11:29); é pela misericórdia divina (Rm
9:15), por causa do grande amor com que fomos amados por Deus (Ef 2:4);
estávamos nós mortos quando d’Ele recebemos vida (Ef 2:5) – pela graça sois
salvos. Esta graça salvífica significa literalmente de graça, sem nada nos cobrar,
como está escrito: “Ora, ao que trabalha, o salário NÃO É CONSIDERADO COMO
FAVOR, e sim COMO DÍVIDA. Mas, ao que NÃO TRABALHA, porém CRÊ naquele que
JUSTIFICA O ÍMPIO, a sua FÉ lhe é atribuída como justiça” (Rm 4:4-5). Por isso
a resposta de Paulo ao carcereiro, quando este lhe perguntou acerca do QUE
FAZER PARA SER SALVO: “crê no Senhor Jesus, e serás salvo...” (At 16:31). Mas,
para os que preferem pagar por si mesmos o preço que Jesus já pagou na cruz do
Calvário, resta-lhes a morte eterna, pois o salário do pecado é a morte (Rm
6:23). Não qualquer outra coisa. Não se paga a dívida eterna com usos e
costumes (moral), até porque estas coisas não resolvem o problema da natureza
pecaminosa no homem (Cl 2:23); não se paga a dívida eterna do pecado com conduta,
haja vista que a conduta requerida por Deus é FRUTO DO ESPÍRITO (Gl 5:22); são
obras que DEUS PREPAROU DE ANTEMÃO, para que andássemos nelas (Ef 2:10); são
obras feitas em Deus (Jo 3:21). Não são portanto humanas, nem têm no homem a
sua origem. São divinas: ouro, prata e pedras preciosas (1Co 3:12). As obras
humanas são um como trapos de imundícies (Is 64:6); são madeira, feno, palha
(1Co 3:12); pois o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do
Espírito é espírito (Jo 3:6). Ufa... Ficaria aqui horas a fio citando todo o
testemunho das Escrituras acerca da salvação, que pertence ao Senhor (Jn 2:9).
Mas... avancemos.
2.
Quando tu
disseste acerca da “ação no próprio ser NO PROCESSO” falaste uma verdade.
Entretanto, não significa que tal participação garanta a salvação. A Escritura
adverte aos crentes quanto ao desenvolvimento da salvação (Fp 2:12); a tomar
posse da vida eterna (1Tm 6:12); a ser fiel até a morte (Ap 2:10); a negar a si
mesmo, tomar a sua cruz e seguir ao Senhor (Mt 16:24); todavia, todas essas
responsabilidades, se cumpridas ou não, não podem dar ou tirar a salvação, uma
vez que “quem crê em mim – disse Jesus – não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida” (Jo 5:24). Da morte viemos; na vida nos encontramos. Quais conseqüências
então nos traz a diligência ou a negligência? Ora, basta lermos o que está
escrito a esse respeito: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento
edificou, esse RECEBERÁ GALARDÃO; se a obra de alguém se queimar, SOFRERÁ ELE
DANO; mas ESSE MESMO SERÁ SALVO, todavia, como que através do fogo” (1Co
3:14-15). Veja: se aprovadas suas obras, galardão; se reprovadas, dano. Esse
mesmo, porém, será salvo. Ou seja, ambos são salvos, não por fazerem boas
obras, porque, para o que as fez, não diz que será salvo por isso, mas, que
receberá galardão, recompensa, prêmio; e àquele, de cuja obra foi reprovada,
não se diz que será condenado por isso, mas que, sendo salvo, receberá dano,
como conseqüência de sua reprovação. Ambos são salvos porque estavam no fundamento
(1Co 3:11). Para o que procedeu com obras aceitas por Deus, além de salvo,
galardão; para o que não procedeu corretamente, embora salvo, sofrerá a
disciplina do Eterno. E isso é para que não seja ele condenado com o mundo (1Co
11:32); será disciplinado para aproveitamento, a fim de se tornar, enfim,
participante da santidade do Senhor (Hb 12:10); receberá poucos ou muitos
açoites, tudo vai depender do quanto ele recebeu de Deus (Lc 12:47-48); será
trancado na prisão, e só sairá de lá depois que “pagar o último centavo” (Mt
5:26). Uma coisa é certa: “aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la
até ao dia de Cristo Jesus (Fp 1:6). Ele começou; Ele terminará. Ainda que
tenha que disciplinar os seus filhos, como diz a Escritura: “se violarem os meus
preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas
transgressões e com açoites a sua iniqüidade. Mas jamais retirarei dele a minha
bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem
modificarei o que os meus lábios proferiram” (Sl 89:31-34). Tais palavras,
ainda que se referindo imediatamente a Davi, trazem os princípios da fidelidade
de Deus quando pactua com o seu povo: 1) não retira a Sua bondade; 2) não
desmente a Sua fidelidade; 3) não viola a Sua aliança; 4) não modifica o que
Seus lábios proferem. “Eu o Senhor não mudo” (Ml 3:6). “Quando Deus fez a
promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou
por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei E te multiplicarei [...]. Por
isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a
imutabilidade de seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante
duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, FORTE ALENTO
TENHAMOS NÓS que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança
proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do
véu, onde Jesus, como precursor, ENTROU POR NÓS, tendo-se tornado sumo
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6:13-20).
3.
O fato de
estarmos em Cristo, como também disseste, não implica que não podemos pecar.
Nem tampouco se pode afirmar que, se pecarmos, não estamos n’Ele. Desde que
recebemos o Espírito de filiação, a carne passou a militar contra o Espírito, e
o Espírito contra a carne (Gl 5:17). Se andarmos no Espírito, o fruto será
amor, paz, alegria, longanimidade etc (Gl 5:22-23). Se, entretanto, andarmos
segundo a carne, o resultado será aquele que se encontra em Gl 5:19-20, as
obras da carne. O fato de estarmos em Cristo significa simplesmente que
nascemos de Deus, como está escrito: “Vós, porém, não estais na carne, mas no
Espírito, SE, DE FATO, O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8:9). Esses, entretanto, que têm o
Espírito de Cristo, e, conseqüentemente, estão n’Ele, podem ainda pecar, andar
na carne, cometendo as obras da carne (prostituição, lascívia, glutonaria,
bebedice, inveja etc.), sabendo, contudo, que compareceremos perante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba segundo o bem o mal que tiver feito por meio
do corpo (2Co 5:10). Esse bem e mal aqui referidos certamente não se referem a
vida ou morte eternas; senão ao galardão ou disciplina conforme acima explicado.
4.
De todo
modo, temos a certeza de que, nós os que cremos, estaremos plenamente salvos
quando entrarmos na eternidade. Tal segurança apoia-se nas palavras de Deus:
“Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1Ts 5:24). Afinal, o mesmo Deus
que nos reconciliou consigo mesmo, o Deus da paz, há de nos santificar
completamente, espírito, alma e corpo (1Ts 5:23). Se Deus não poupou o Seu
próprio Filho, antes por nós O entregou, quando ainda éramos pecadores (Rm
5:8), porventura não nos dará graciosamente todas as coisas? (Rm 8:32).
Certamente. Não porém sem nos salvar completamente. Pois, se quando éramos
pecadores o Senhor nos justificou com o Seu sangue, muito mais agora, estando
já reconciliados com Ele, seremos salvos pela Sua vida (Rm 5:10). A vida de Deus
nos Seus filhos há de salvá-los completamente do pecado. Ele começou... Ele
terminará. Para isso Ele nos concedeu o penhor do Espírito, a garantia de que
em breve seremos resgatados, finalmente, como Sua propriedade, para o louvor da
Sua glória (Ef 1:14).
autor: Bispo Alexandre Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário