1º - “ Não
penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar...” – Os escribas e fariseus
pensaram, diante da mensagem de Cristo no sermão da montanha (Mt.5-7), que
Jesus estava a desfazer da Escritura hebraica, com o intuito de inaugurar uma
nova doutrina, diferente da que tinham recebido de Moisés (a Lei) e dos
Profetas. Diante de tal pensamento, o Senhor declarou enfaticamente: “eu não
vim para revogar a Lei ou os Profetas” . O Cristo do Novo Testamento não é
incompatível ou inconciliável ao Cristo prometido por Deus nas páginas do
Antigo Testamento.
2º - “ Não vim
para revogar, vim para cumprir” – Esta foi a real intenção e objetivo de sua vinda
ao mundo: trazer o cumprimento de tudo o que a Lei e os Profetas disseram a Seu
respeito. O verbo cumprir, neste contexto, não tem o sentido de obedecer, como
pensam alguns. Antes, diz da fidelidade de Deus em trazer a realização e a
concretização de tudo o que havia prometido a respeito de Seu Filho, por meio
de sombras e profecias. A Bíblia de Jerusalém traz esse sentido de maneira
muito clara: “não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim para
revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento” (Mt.5:17 – BJ). Tudo o que a
respeito do Messias havia sido predito nas páginas do antigo testamento deveria
ser cumprido. E, mesmo que o céu e a terra passassem, isto é, fossem desfeitos,
nenhum i ou til jamais poderia ser retirado, até que tudo fosse cumprido. Por essa
razão, para cada profecia cumprida e para cada figura que se encontrou com a
sua realidade encontramos a expressão “
para se cumprir o que está escrito”, conforme se verifica em Mt.12:17;
21:4; Lc.21:7; 21:22; Jo 12:38; 18:9; 19:24, 28 e 36, dentre tantos outros
textos presentes nos evangelhos. O próprio Jesus, inclusive, interpretou suas
próprias palavras, ditas em Mateus 5:17, dizendo: “... São estas as palavras
que eu vos falei, quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse
tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos salmos”
– (Lc 24-44 – BJ).
3º - “ A Lei e
os Profetas vigoraram até João” – Ora, vede. Desde que o Senhor Jesus veio cumprir
tudo o que fora prefigurado pela Lei e profetizado pelos profetas, o sistema de
sombras e profecias deixou de vigorar como tal, e deu lugar ao seu cumprimento:
o tipo retirou-se para dar lugar ao antítipo, a figura a realidade, a sombra a
concretude. Dois sistemas não poderiam coexistir, pois assim está escrito: “...
Remove o primeiro para estabelecer o segundo” ( Hb.10:9)
4º - “ Desde
esse tempo, vem sendo anunciado o reino de Deus” –
Com a inauguração da era da realidade,
um novo tempo instaurou-se: o reino dos céus. Um tempo em que o governo do
céus se manifestou em carne e andou entre os homens. Desde então, tudo o que
outrora subjazia nas formas simbólicas do antigo testamento, encontrou n´Ele a concretização: Ele é o Cordeiro de
Deus (Jo.1:29), Ele é o templo (Jo.2:21), Ele é o descanso (Mt.11:28-30), Ele é
a justiça, a redenção e a justificação (1Co 1:30) Jesus é o pão vivo [maná] (Jo
6:35), a páscoa (1Co 5:7); a porta (Jo 10:9), o caminho (Jo 14:6), a
ressurreição e a vida (Jo 11:25), enfim, Ele é o EU SOU (Jo 8:24 e 58 cp. Ex
3:14). Todas as coisas positivas preditas na antiga aliança convergem para Ele
e encontram n´Ele a substância. Jesus é o reino dos céus na terra. Assim, desde
que a plenitude da divindade se manifestou aos homens, já não mais precisamos
servir a Deus por meio das sombras obscuras e imperfeita da antiga aliança (Hb
7:11 – 12 e 19). Pelo contrário, devemos ir a Cristo para termos vida (Jo
5:39), a fim de que Ele seja TUDO em todos ( Cl 3:11)
Portanto a razão pelo qual os
cristãos do tempo presente estão divididos por práticas e doutrinas tão
diferentes, encontra sua explicação, em grande medida, na falta de compreensão
do que Jesus ensinou: “ não se põe vinho novo em odres velhos”.
Conceitos
neotestamentários são, não raras vezes, misturados com ensinamentos do antigo
testamento [não mais aplicáveis aos nossos dias], de sorte que não se estabelecem critérios de
interpretação sustentáveis.
Essa mistura sem critérios forma uma verdadeira torre
de babel espiritual: cada grupo denominacional falando uma língua diferente, de modo que
não se entendem e, consequentemente, já não podem reunir-se juntos. Assim, cada
qual vai para junto dos seus iguais, configurando um cristianismo fragmentado e
enfraquecido.
A solução divina para nós, no entanto, encontra-se
no que disse o Senhor: “
Mas põem-se vinho novo em odres novos, e
ambos se conservam” ( Mt. 9:17). Permitam-se, pois, que o Espírito Santo vos faça odres
novos, para que possais conter e experimentar o vinho novo, Jesus Cristo, a Plenitude de Deus
(Cl.2:9). E, então com mentes renovadas, completamente conformada a verdade
divina no novo testamento, , passamos não somente a conservar o mistério da fé
[sã doutrina] (1Tm3:9), impedido-o de se perder (1Tm.4:7), mas conservemos as
nossas próprias almas, para que encontremos, na alma de Deus, o seu eterno
prazer (Hb.10:38-39). Deixemo-nos, pois, levar para o que é PERFEITO.
Na próxima
mensagem iremos ENTENDER A NECESSIDADE
DE PROGREDIRMOS PARA O QUE É PERFEITO.
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